O Bitcoin segue negociado entre US$ 93.000 e US$ 94.000, cerca de 0,5% abaixo de sua máxima local recente de US$ 97.900, registrada em 2 de maio. A volatilidade diminuiu e o mercado parece estar em pausa, mas, por trás dessa aparente calmaria, mudanças significativas estão em andamento. Os dados não apenas indicam resiliência, mas também sugerem uma possível preparação para uma nova fase de crescimento agressivo.

Enquanto os investidores de varejo hesitam, o capital institucional não está perdendo tempo. O que hoje parece ser uma "consolidação" pode facilmente se transformar em uma disparada vertical amanhã.

O apetite institucional não está diminuindo — está crescendo

Muitos traders subestimam a importância dos aportes em ETFs de Bitcoin. Entre 22 de abril e 2 de maio, as compras líquidas de ETFs spot ultrapassaram US$ 4,5 bilhões. Isso não é apenas um valor expressivo, mas um forte sinal do interesse contínuo do chamado "dinheiro inteligente".

Esses fluxos são ainda mais relevantes em um cenário de preços relativamente estáveis. Não se trata de picos pontuais, mas de aquisições sistemáticas que estão construindo a base para uma tendência futura.

Um panorama semelhante é observado no mercado de futuros. De acordo com a CoinGlass, o interesse aberto em contratos futuros de Bitcoin aumentou 21% desde o início de março, atingindo 669.090 BTC. A CME, que atende exclusivamente a traders institucionais, registrou mais de US$ 13,5 bilhões em volume de futuros. Esses números são típicos de momentos de virada de mercado.

Quando os políticos se calam, os bilhões falam

O burburinho de março sobre a ideia de uma reserva de Bitcoin pelos EUA desapareceu em meio ao silêncio. Desde 6 de março, não houve atualizações significativas da Casa Branca ou do Congresso. Os esforços em nível estadual para aprovar legislações sobre criptomoedas também estão paralisados, com Arizona e Montana sendo exemplos notáveis.

Apesar disso, os negócios continuam. Em 5 de maio, a Strategy (antiga MicroStrategy), liderada por Michael Saylor, comprou mais 1.895 BTC por US$ 180,3 milhões. A empresa agora detém 555.450 BTC, com um preço médio de aquisição de US$ 68.594 — o que representa mais de US$ 14 bilhões em lucros não realizados com os preços atuais.

Se uma das empresas mais relevantes do setor está ampliando sua participação em um ativo que muitos consideram "supervalorizado" e "arriscado", a pergunta que fica é: o que eles sabem que nós não sabemos?

Ouro e dinheiro substituindo ativos de risco? Não para o Bitcoin

Desde o início de fevereiro, o ouro subiu cerca de 16%, alcançando níveis recordes, enquanto o S&P 500 caiu mais de 6,5%. Os investidores parecem estar abandonando os ativos de risco em favor de refúgios seguros como ouro, dinheiro e títulos.

No entanto, é aqui que a força relativa do Bitcoin se destaca mais do que o desempenho absoluto. Apesar das quedas mais amplas, a dominância do Bitcoin no mercado cripto permanece próxima de 70%, o nível mais alto desde janeiro de 2021. Isso sinaliza uma migração maciça de capital das altcoins para o Bitcoin, que segue sendo a âncora do ecossistema cripto.

Para alguns, isso representa aversão ao risco. Para outros, é uma realocação de capital em direção a ativos digitais mais confiáveis.

O que pensa Changpeng Zhao: de US$ 500 mil a US$ 1 milhão?

Em um recente podcast do RugRadio, o ex-CEO da Binance, Changpeng Zhao, fez uma das previsões mais ousadas dos últimos tempos: ele acredita que o Bitcoin pode atingir entre US$ 500.000 e US$ 1.000.000 durante o atual ciclo de alta.

Embora Zhao não tenha dado um prazo específico, a faixa é impressionante. Mesmo a estimativa mais baixa implica uma valorização de 430% em relação aos níveis atuais. A previsão mais alta — quase 950% de alta — colocaria o valor de mercado do Bitcoin perto de US$ 20 trilhões, quase igual aos US$ 22 trilhões do mercado do ouro.

Mais importante do que saber se isso é uma previsão ou um grito de guerra, é entender o sentimento que essa afirmação reflete. Declarações como essa moldam expectativas — e as expectativas, por sua vez, moldam o mercado.

Mercado de opções: calmaria antes da tempestade?

Os mercados de derivativos também oferecem um panorama curioso. Na Deribit, a maior bolsa de opções cripto do mundo, observa-se uma atividade moderada em opções de venda (puts) bem fora do dinheiro. Contratos com preços de exercício em US$ 82.000, US$ 78.000 e até US$ 76.000 estão sendo comprados como forma de hedge.

Contudo, não há pânico. O índice de volatilidade implícita DVOL está em 45, um nível típico de períodos mais tranquilos.

Isso sugere que os participantes estão se protegendo contra correções de curto prazo, mas não se preparando para um colapso. Em outras palavras, o mercado está cauteloso, não com medo. Está apenas prendendo a respiração.

Mercados esperam Powell, mas o Bitcoin olha além

O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira pode ser decisivo. Os mercados aguardam por sinais de um possível corte de juros em junho, embora os dados fortes sobre empregos recentemente tenham reduzido as chances de corte para 30%.

Em meio à incerteza macroeconômica, alguns traders — especialmente nas plataformas descentralizadas como a Derive.XYZ — estão se protegendo com opções de venda. Faz sentido: juros altos exigem mais cautela.

No entanto, ao contrário dos ativos tradicionais, o Bitcoin joga com suas próprias regras. Ele se move não apenas em resposta ao Fed ou à inflação, mas também ao longo do seu próprio ciclo de evolução — como tecnologia, ideia e uma nova forma de capital global.

E agora?

O quadro se torna claro quando reunimos os sinais: acumulação institucional, dominância estável, ausência de vendas em pânico, aumento de hedge, previsões ousadas e volatilidade contida.

O Bitcoin está em uma fase de acumulação. É verdade que o mercado talvez ainda não esteja pronto para um novo salto explosivo, mas sua base não é apenas sólida — está se fortalecendo. A tendência de longo prazo continua sendo de alta, mesmo em meio à incerteza de curto prazo.