A história se repete. Os mercados respiraram aliviados e aproveitaram a correção do S&P 500 para comprar, após as ameaças de Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre a União Europeia serem substituídas por um adiamento até 9 de julho. O S&P 500 registrou sua alta mais rápida desde o anúncio anterior da Casa Branca de uma postergação de 90 dias. Assim como naquela ocasião, os investidores voltaram a acreditar que o pior pode já ter passado — e que a economia conseguirá suportar o atual nível de tarifas de importação, o que reforça a estratégia de comprar o índice em momentos de correção.

Trump saudou a decisão da União Europeia de agendar novas rodadas de negociações comerciais. O presidente dos EUA demonstrou otimismo de que o bloco finalmente abrirá seu mercado a produtos americanos e atenderá às exigências de Washington também no tocante à China. Suas postagens nas redes sociais atuaram como catalisador para a recuperação do S&P 500 — embora não tenham sido o único fator.

O índice também foi sustentado pela queda nos rendimentos dos Treasuries, por dados macroeconômicos positivos e pela expectativa em torno de um sólido relatório de lucros da NVIDIA referente ao primeiro trimestre. A gigante de tecnologia vem se recuperando gradualmente da liquidação de abril, e resultados robustos no período de janeiro a março podem impulsionar não apenas suas ações, mas também o mercado acionário como um todo.

Desempenho das ações das "Sete Magníficas" – Referência do gráfico

À primeira vista, os dados macroeconômicos dos EUA pareceram contraditórios. O Índice de Confiança do Consumidor do Conference Board registrou seu maior aumento em quatro anos, enquanto os pedidos de equipamentos comerciais recuaram no ritmo mais acentuado desde outubro. Essa divergência reflete, em essência, a resposta desigual da economia à política comercial da Casa Branca.

Os consumidores aparentam ter sentido alívio com o adiamento tarifário de 90 dias, ao passo que as empresas começaram a reduzir pedidos já em abril, após um salto em março. Vale destacar que essa desaceleração está ocorrendo de forma mais gradual do que o esperado — um sinal de que a economia dos EUA ainda opera sobre fundamentos relativamente sólidos.

Mesmo assim, a política tarifária e a postura passiva do Federal Reserve geram preocupações de que o cenário possa se deteriorar antes de melhorar. O UBS chama atenção para um fato surpreendente: os Estados Unidos, tradicionalmente motores do crescimento global em tempos difíceis, tornaram-se agora um obstáculo ao avanço do PIB mundial. Somando-se a isso a relutância do Fed em iniciar cortes de juros, surgem motivos legítimos para cautela em relação ao futuro econômico do país. A possibilidade de uma recessão, embora ainda incerta, não pode ser descartada.

Se a economia continuar a esfriar, os investidores provavelmente revisitarão as preocupações com as avaliações elevadas do S&P 500. O índice P/E para o índice está em 21, em comparação com uma média de 10 anos de 18,7.

Perspectiva técnica do S&P 500

No gráfico diário, a quebra acima da resistência em 5895 tornou-se um sinal de compra. Manter-se acima do nível de valor justo de 5890 apoiaria novas posições de compra no mercado. Por outro lado, uma queda abaixo desse nível e do suporte em 5815 ativaria um padrão 1-2-3, sinalizando uma reversão de baixa e uma oportunidade de venda.