A aprovação pela Câmara dos Deputados do que Donald Trump chamou de um projeto de lei de corte de impostos "grande e bonito", aliada a um aumento no PMI composto dos EUA de 50,6 para 52,1, contribuiu para a recuperação do dólar americano. Como resultado, o EUR/USD recuou e caiu abaixo do nível de 1,13. No entanto, caso o "contágio" financeiro originado nos Estados Unidos se espalhe para o sistema financeiro global, o euro poderá eventualmente se beneficiar como alternativa.

O rebaixamento da classificação de crédito dos EUA, somado à fraca demanda no leilão de títulos do Tesouro de 20 anos, acelerou a alta dos rendimentos dos Treasuries. Os rendimentos dos títulos de 30 anos estão agora próximos de seus níveis mais altos desde 2007. Tendências semelhantes vêm sendo observadas em outros países: no Japão, por exemplo, o rendimento dos títulos públicos de 30 anos atingiu recentemente o maior nível desde o início da série histórica, em 1999.

Tendências nos rendimentos de títulos

Os investidores acreditam cada vez mais que os governos já não podem se dar ao luxo de acumular dívidas no mesmo ritmo observado quando as taxas de juros estavam próximas de zero. Ao mesmo tempo, os bancos centrais — liderados pelo Federal Reserve — não demonstram urgência em reduzir os juros, diante das guerras comerciais, tarifas elevadas e riscos crescentes de inflação. Uma crise financeira global, em que os crescentes gastos públicos deixem de ser financiados de forma sustentável, pode levar os investidores a buscar portos seguros. E esse status foi, em grande parte, perdido pelo dólar americano.

Até pouco tempo atrás, a lógica era simples: quando a economia global enfraquecia, os investidores recorriam ao dólar; quando melhorava, preferiam o euro. No entanto, o retorno de Donald Trump à Casa Branca inverteu essa dinâmica. A crescente desconfiança nas políticas do 47º presidente dos EUA fez com que os ativos americanos parecessem menos seguros. Hoje, ouro, iene japonês, franco suíço e títulos do governo alemão ganham força como opções mais confiáveis de proteção.

No momento, os investidores voltam suas atenções para a divergência no crescimento econômico. O PMI composto da zona do euro caiu abaixo do nível crítico de 50 em maio, sinalizando contração do PIB no bloco monetário. Em contraste, a atividade empresarial nos Estados Unidos subiu para o maior nível em dois meses.

Dinâmica da atividade comercial europeia

Assim, enquanto os ursos do EUR/USD são apoiados por uma atividade comercial mais forte nos EUA em comparação com a Europa e pela relutância do Fed em reiniciar um ciclo de flexibilização monetária - pelo menos até setembro - os ursos têm seus próprios argumentos. Entre eles estão a desconfiança em relação ao dólar dos EUA, as preocupações com a estabilidade do sistema fiscal americano e a mudança dos fluxos de capital da América do Norte para a Europa.

Perspectiva técnica

No gráfico diário, o EUR/USD se recuperou de seu valor justo em 1,1335. O principal suporte encontra-se perto do limite inferior da faixa de 1,122-1,141, onde várias médias móveis estão agrupadas. Uma recuperação a partir desse nível poderia apoiar um acúmulo de posições de compra, enquanto um rompimento sinalizaria uma potencial reversão da tendência e justificaria uma venda de curto prazo.