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Não poderia estar pior. A consolidação do Bitcoin vem se prolongando, e o tempo joga contra os otimistas em BTC/USD. Segundo dados da Glassnode, as perdas não realizadas aumentaram de uma média de 2% para 4,4%. Isso sugere que cada tentativa de recuperação tem sido usada por investidores que compraram próximo às máximas históricas para reduzir ou liquidar posições no prejuízo. Nesse contexto, o potencial de retomada do movimento de alta permanece limitado, enquanto a probabilidade de continuidade da tendência de queda se mostra significativamente maior.
A dinâmica do Bitcoin e as perdas não realizadas
O desejo dos otimistas de se desfazerem de posições compradas em BTC/USD ajuda a explicar por que o Bitcoin vem ignorando uma série de notícias positivas. Entre elas estão a compra recorde de tokens da Strategy por Michael Saylor desde junho, a autorização da Commodity Futures Trading Commission (CFTC) para o uso de criptomoedas como garantia em operações com derivativos e a abertura da Vanguard para negociar fundos ligados a criptoativos em sua plataforma.
A atual consolidação do BTC/USD remete ao período do chamado inverno cripto, com o risco de se prolongar — especialmente em níveis de preço mais baixos. O Bitcoin tampouco encontra suporte na decisão da Reserva Federal de reduzir a taxa dos fundos Federais nem nos ataques de Donald Trump ao banco central, que tendem a enfraquecer o dólar americano. Além disso, a correlação da criptomoeda com os índices de ações dos Estados Unidos vem diminuindo de forma consistente. Esse conjunto de fatores reacendeu o debate sobre a real natureza e o papel dos ativos digitais nos mercados financeiros.
Dinâmica do S&P 500 e do Bitcoin
De acordo com a Vanguard, gestora que administra cerca de US$ 12 trilhões em ativos, o Bitcoin não é adequado para investimentos de longo prazo. A criptomoeda não gera renda por juros e tampouco oferece fluxos de caixa passíveis de desconto, característica fundamental buscada pelas empresas em outros ativos financeiros. Nesse sentido, o Bitcoin se assemelha mais a um "brinquedo digital" do que a um instrumento tradicional de investimento, e não está claro se isso é motivo de riso ou de preocupação.
A pressão contínua sobre os ativos digitais também se reflete na queda de 66% nos volumes de negociação em relação aos picos registrados em janeiro. Além disso, a profundidade de mercado, ou seja, a capacidade das criptomoedas de absorver grandes ordens sem provocar oscilações relevantes de preço, recuou cerca de 30% tanto no Bitcoin quanto no Ethereum.
Um ativo que antes era comprado simplesmente porque estava em alta perdeu apelo diante da dificuldade de sustentar novos avanços. Como consequência, a correlação do BTC/USD com os índices acionários dos Estados Unidos vem diminuindo. As tentativas de recuperação do Bitcoin têm sido rapidamente contidas pelos próprios compradores, muitos dos quais agora se encontram pressionados após terem acumulado posições próximas às máximas históricas.
A criptomoeda precisa de um novo catalisador para sair desse estado de letargia, mas, por ora, ele simplesmente não aparece. As notícias positivas já não se traduzem em alta de preços, o que sugere que o mercado passou a considerá-las irrelevantes ou insuficientes para mudar o sentimento dominante.
Do ponto de vista técnico, no gráfico diário, o BTC/USD está se consolidando dentro de um padrão "Spike and Shelf" baseado na estrutura 1-2-3. Diante desse cenário, os traders podem considerar a utilização de duas ordens pendentes: uma ordem de compra em US$ 94.000 e uma ordem de venda em US$ 87.500.